Ausência de índole nos negócios versus compliance

quarta-feira, 27 de maio de 2015

por Marcos Assi*

Que briga digna de UFC, mais uma vez estamos aqui perguntando por que isso acontece, por que tantos casos de fraudes, desvios, desmandos, e perdas financeiras, será que a falha está no processo, nas pessoas, na legislação?

Não adianta falar de compliance, controles internos, riscos operacionais, conduta e ética, se quem toma a decisão ou quem assina ou quem aprova, não se preocupa com os processos de conformidade e em certos casos, sabe que está errado, mas acredita que pode fazer, pois estas questões de compliance e controles internos, não afetam sua postura.

Afinal quem manda é ele, mas será mesmo? Vejamos o que a mídia tem demonstrado para nós, com casos da Siemens, Alstom, Petrobras, empreiteiras, e são tantas que preciso generalizar, entre outras, mas até quando seremos reféns das pessoas que querem somente o resultado sem se importar com a forma?

Com tantos escândalos de fraudes, corrupção e falta de conduta e ética, fica complicado falar sobre Compliance, Controles Internos e Gestão de Riscos, pois o processo de negócio funciona quando a Alta Administração, gestores e colaboradores, clientes, fornecedores e governo trabalham em conjunto, mas quando existe a busca do poder financeiro, seja de que forma for, assim não há compliance ou auditoria que resista.

Vamos sempre esbarrar na questão honestidade, e todo profissional que pretende fazer as coisas corretamente, dentro dos processos de conduta e ética, estarão sempre fora da curva, quero dizer serão cavaleiros solitários no mundo da governança corporativa que objetiva resultados, lucros, bônus ou comissionamentos.

A cada escândalo, a cada fraude, a cada desvio, a cada reportagem que demonstra o tamanho do desmando, da falta de honestidade, da ausência ou da burla dos processos, sempre me pergunto, se existem normas, procedimentos, controles internos, monitoramento e auditorias, por que estas coisas ainda acontecem, e a resposta é simples, dependemos das pessoas fazerem a sua parte, a impunidade, a falta de justiça, a legislação deficiente, o poder governamental sobrepondo a população, afinal os interesses dos políticos, vem sempre acima do nosso, vai ser difícil.

Um dos advogados de uma das empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato, disse que as operações somente aconteceram, pois seu cliente foi forçado a fazer a operação com valores acima do preço, para que este sobre preço, pudesse voltar para eles (políticos) através de doação de campanha, ou em comissionamento com transferência para bancos no exterior.

Engraçado dizer que fizemos errado por que mandaram, e a máquina precisa funcionar, pois é verdade. Se esta empreiteira não aceitasse a proposta, outra aceitaria, e assim caminha a humanidade, mas será que não existe nenhum empresário honesto? Sim existe, mas estes não estão na mídia, pois fazer a coisa certa não chama tanto a atenção, do que externar a o lado poder do mundo dos negócios, governos e políticos.

* Marcos Assi é professor e consultor da MASSI Consultoria – Prêmio Anita Garibaldi 2014, Prêmio Quality 2014, Prêmio Top of Business 2014 e Comendador Acadêmico com a Cruz do Mérito Acadêmico da Câmara Brasileira de Cultura, professor de MBA na FIA, FECAP, Saint Paul Escola de Negócios, UBS, Centro Paula Souza, USCS, Trevisan Escola de Negócios, entre outras, autor dos livros “Controles Internos e Cultura Organizacional”, “Gestão de Riscos com Controles Internos” e “Gestão de Compliance e seus desafios” pela Saint Paul Editora. www.massiconsultoria.com.br