Como controlar terceirização?

domingo, 6 de junho de 2010

por Marcos Assi*

Quando questionamos as empresas sobre terceirização (também conhecido como outsourcing), evidenciamos que já é uma prática inerente ao mundo corporativo que, com certeza, visa à redução de custos e, em alguns casos, aumento da qualidade dos serviços. Mas será verdade?
As grandes e médias corporações têm se utilizado – e muito – deste artifício, tais como as empresas de telecomunicações, mineração, indústrias, instituições financeiras etc.

Acreditamos que a prática pode representar algumas vantagens, porém a terceirização de serviços deve ser realizada com muita cautela, pois uma má gestão do conceito pode implicar para as empresas um descontrole e desconhecimento de sua mão-de-obra — exemplo maior são algumas reclamações no Procon ou até mesmo nas agências reguladoras que provem de áreas terceirizadas pela organização.

A atenção na contratação involuntária de pessoas inadequadas para as atividades oferecidas podem causar riscos de imagem e de reputação, além de perdas financeiras em ações trabalhistas movidas pelos empregados terceirizados. E tem algo que poucos atentaram também, que é a segurança da informação.

Mas quem controla o terceiro? E as atividades exercidas, quem valida? Um relatório semanal de posicionamento de atividades já ajuda. Em algumas empresas, um terceiro contratado para um projeto de seis meses pode ficar cerca de quatro anos trabalhando nesta companhia se o projeto não tiver um fim determinado. Dá para imaginar o tamanho dos riscos envolvidos?

O processo de terceirização em uma organização deve levar em conta diversos fatores de interesse, como a redução de custos, procura por profissionais especializados para transferência de conhecimento (know how) e, principalmente, o foco na sua atividade-fim. E antes de contratar um terceiro a empresa necessita identificar qual atividade será exercida, pois para as atividades-fins da empresa deve consultar as convenções coletivas, para saber se permitem ou não a terceirização.

Muitas empresas tentaram atrelar a terceirização à redução de custos, mas geralmente não é isto que acontece. Ela necessita estar em conformidade com os objetivos estratégicos da organização, os quais revelarão em que pontos ela poderá alcançar resultados satisfatórios, sem contar com as obrigações trabalhistas e operacionais.

O que não se deve terceirizar? A princípio não se terceiriza a sua atividade-fim. Sendo assim, uma organização que desconhece a si mesma, em um processo de terceirização, corre sério risco de perder sua identidade e, principalmente, o seu diferencial competitivo. Lembre-se, é o nome de sua empresa que aparece na transação.

* Marcos Assi é professor da Saint Paul Escola de Negócios e coordenador e professor do MBA Gestão de Riscos e Compliance da Trevisan Escola de Negócios, e autor do livro “Controles Internos e Cultura Organizacional – como consolidar a confiança na gestão dos negócios” (Saint Paul Editora). Consultor de Riscos Financeiros e Compliance da Daryus Consultoria.