Almoço-Palestra IBGC

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Casseb alerta sobre o papel do conselheiro em um ambiente de crise
28/10/2009

Fonte: www.ibgc.org.br
Por Fabíola Leoni*


O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), a Câmara do Comércio França-Brasil (CCFB-RJ) e a Comissão Governança Corporativa e Sustentabilidade realizaram no dia 27/10/09, mais um almoço-palestra para encontro do grupo de empresários da área de governança corporativa no Rio de Janeiro. O palestrante convidado foi o empresário Cassio Casseb. Com a experiência de presidir o Credicard SA, o Banco do Brasil e o Grupo Pão de Açúcar, Casseb levantou a questão de qual o real papel do conselheiro.

Na palestra “A contribuição do conselheiro de administração em um ambiente de crise”, Casseb lembrou um caso argentino, em que foi necessária a ação de um conselheiro durante uma crise de mercado. Uma empresa monopolista teve que se reestruturar para competir com uma nova companhia que vendia seu produto a preços mais baixos e com a mesma qualidade. Casseb, que faz parte de conselhos como o da Coca-Cola América Latina, afirma que foi preciso um conselheiro para provocar alguma reação na empresa.

Correr riscos faz parte do trabalho de um conselheiro, de acordo com Casseb, principalmente em situações de crise, quando será obrigado a transcender sua função. Com uma metáfora da existência do namoro antes do casamento, Casseb explicou que deve haver um prévio conhecimento da companhia antes da entrada efetiva na função. “A gente não coloca freio em carro para brecar, e sim para correr. Mas precisa testar antes.”

Um segundo caso lembrado por Casseb foi quando ele entrou em uma empresa e, três meses depois, a diretoria inteira foi presa por acusação de tentativa de prática de ato ilícito na alfândega. O conselho, portanto, assumiu a gestão, até haver uma substituição da equipe. Mais uma vez houve a necessidade de os conselheiros saírem de seu papel habitual. Lembrou mais uma experiência, quando uma companhia perdeu imensa fortuna em derivativos e o conselho todos os dias comparecia à empresa para acompanhar a crise de perto.

“Learn, earn, return.” Com essa expressão, Casseb sintetizou a trajetória de um homem durante sua vida, aprendendo com as experiências, ganhando com o trabalho e dando um retorno do que lhe foi conquistado. Dessa forma, afirmou que a função do conselheiro é prestar serviços à sociedade como um todo.

Responsável pela abertura do evento, o advogado e coordenador do Capítulo Rio de Janeiro do IBGC, João Laudo de Camargo, apontou três pontos-chave para a tarefa do conselheiro. O dever de diligência, reiterando a afirmação de Casseb sobre a necessidade de o profissional conhecer a companhia antes de coordenar a função; afirmou que a transparência é um dos pilares da governança; e defendeu que, diante da crise, o profissional deve dar o melhor de si, “extrapolando” suas responsabilidades. Além disso, lembrou da necessidade das atas, um registro importante para a análise do passado.

Casseb afirmou que controladores nem sempre estão do mesmo “lado” da empresa. O trabalho, portanto, pode cair “nas costas” dos conselheiros. E declarou: “nas horas de crise, as pessoas são como elas são”, exemplificando que quem tem ética, terá ética no momento necessário.

Perguntado sobre como a questão ambiental afeta as companhias, o empresário enfatizou a importância da posição ecológica e social nos negócios. “Será que daqui a cinco ou dez anos a empresa que não tiver um engajamento ambiental terá seu produto na prateleira?” Casseb afirmou que acredita muito em parcerias, o público e o privado trabalhando juntos na resolução das devidas questões.

*Fabíola Leoni é jornalista do Opinião e Notícia e colaborou com a cobertura deste evento para o IBGC

Postado por Felipe Sanches